terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

A volta de Eduardo, exagero midiático e o brasileiro "estrangeiro"

Uma notícia boa, olha só: o croata Eduardo da Silva fez ontem dois gols na goleada de 4x0 que classificou o Arsenal para as oitavas de finais da copa da inglaterra. O bom é que um bom jogador do futebol mundial volta a ativa, após quase um ano e, em menos de um mês, já começa a marcar gols. Mas isso levanta uma discussão: será que se ele não fosse brasileiro naturalizado, teria todo esse destaque na nossa imprensa? Creio que não. O fato é que a mídia brasileira como um todo da uma importância descomunal a certos fatos, e esquece de outros tão ou mais importantes. Por exemplo, o país ficou chocado com a morte da menina Isabela, jogada pela janela pelo pai. Mas será que, na história desse país, essa foi a única vez que um pai matou a filha? Ou que alguém caiu da janela? Então, porque o tamanho enfoque? Quer dizer, a vida de Isabela é mais importante que todas as outras vidas tiradas todos os dias?
Apenas para voltar para o lado do esporte, buscarei um exemplo dentro do próprio Arsenal. Poucos conhecem, muitos falam o nome errado, mas a verdade é que Rosicky, meia tcheco, é muito bom, e melhor que vários atletas de mais renome, como por exemplo Elano. Sua lesão não foi tão impressionante visualmente quanto a do croata, mas ele já está a quase dois anos sem jogar. Parou antes de Eduardo e ainda não tem previsão de retorno. E quantas vezes você ouviu falar dele? Salvo em jogos do Arsenal, quando alguns torcedores desavisados questionam os comentaristas a respeito, ele nunca é lembrado por aqui.

E a volta do atacante do Arsenal também da margem para outra discussão. Reparem que, exceto quando quis caracteriza-lo, jamais me referi a ele como brasileiro, mas como croata. Na Eurocopa, se via muito jornais e jornalistas dizendo coisas do tipo: esse ano podemos ter o primeiro brasileiro campeão da Euro. E, no final, comentários como "Marcos Senna é o primeiro brasileiro a ganhar uma Eurocopa". Ora, o Brasil disputa agora as competições de seleções européias? Por mais que tenha dupla cidadania, sendo ainda considerado brasileiro em alguns casos, o jogador não está disputando pelo Brasil, mas pelo seu país, que pode ser Portugal, Alemanha, Espanha, Polônia, etc. Marcos Senna, ainda que tenha nacionalidade brasileira (não possuo essa informação) ou tenha nascido aqui, foi campeão representando a Espanha e, portanto, como cidadão espanhol. Percebemos assim um patriotismo exagerado e irreal da mídia.

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